sábado, 26 de junho de 2010

A sensação de vir para casa e saber que não vamos encontrar alguém que amávamos muito... é horrivel.
Trespassa-me o corpo e a alma. Neste momento só consigo sentir dor.
Champanhe on ice era uma pessoa muito especial.
Estava sempre a dizer que quando chegasse a hora dele, queria ir num suspiro rápido. Dizia que tinhamos de encarar a vida, porque ela era assim e nunca esperou pelo amanhã para fazer o que queria. Costumo dizer que no fundo ele sabia que isto ia acontecer e que fez um pedido sobre a forma como queria a sua despedida.
O último amparo é o mais difícil de dar e coube-me a mim. Agora tenho de me aguentar, por algum motivo foi assim.Estava sentada ao seu lado a olhar para a mesa a minha frente, como que para o vazio. Tudo aconteceu como ele pedia todas as vezes que se falava nesses assuntos. A sua frase preferida era Champanhe on Ice, the best part of life.
Às vezes penso, porque é que não ficaste entre nós mais um pouco.
Dou por mim em sonhos, a imaginar que afinal não te foste embora, que ficaste paralisado numa cadeira de rodas com o que aconteceu, mas que ainda estás entre nós.
Mas quando acordo a realidade é pior.
Serei egoísta por querer que ficasses cá, mesmo que muito mal e quase sem a tua vida? Porque nos meus sonhos apareces mesmo muito mal, imóvel, mas eu cuido de ti.
E sinto-me contente por estares ali.
Sei que sempre tiveste medo disso, que foi sempre o teu único desejo, mas para mim parece que tinha sido a melhor coisa da minha vida...se não te tivesses ido embora assim, como aconteceu.
Tinhas muitos mais anos para viver, tinhas ainda um miúdo dentro de ti.
Sinto a tua falta.






Mais um dia que passou da minha vida e não consigo recuperar...
Quando penso que estou a fazer progressos, lá vou eu de novo parar ao mesmo.
Tenho lido muitas coisas na internet: sites de apoio a dontes com cancro e às suas famílias. Ontem fui a um site, que falava de emoções e sentimentos que os doentes com cancro têm e como é que as suas famílias podem ajudar e fico a pensar...que horror!É preciso uma força imensa. Não sei como conseguem aguentar.
A mim calhou-me lidar com uma "morte súbita". O que posso dizer que é um xoke e muito mais. O meu corpo reagiu de maneiras muito estranhas, que nem sabia que podiam acontecer. Não quero entrar em pormenores.
Hoje pela 1ªvez a família reuniu-se numa mesa e coube-me a mim o lugar dele...é claro que quando tive de me sentar ali comecei numa xoradeira. Mas sentar-me ao lado era pior porque conseguia olhar para lá e não o ver. Enfim é uma confusão de sentimentos, não me conseguia sentar em lado nenhum

terça-feira, 15 de junho de 2010

Perguntem a qualquer idoso que vos vai responder o mesmo...a vida tem mais de tristeza do que de alegria.